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1-Gurum
Gudum
2-Woody
Woodpecker (Everybody Thinks I'm Crazy)
3-LSD
4-To
Burn Or Not To Burn
5-Bailarina
6-Deve
Ser Amor
7-Nobody
Knows
8-Cacilda
9-Imagino
10-Ai
Garupa
11-Encantamento
12-Carrossel
13-Tacape
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LET
IT BED - (2004) – Produção:
John Ulhoa
A idéia de finalmente gravar Let
it Bed aconteceu quando John, da banda
Pato Fu, foi a Juiz de Fora montar um
PC para Arnaldo com vários programas
de áudio. John e Rubinho Trol (2)
começaram a mostrar ao Arnaldo
as possibilidades dessas novas tecnologias,
recursos que há alguns anos só
eram possíveis em estúdios
caríssimos e agora estavam bem
à mão, para serem usados
em casa mesmo. “Por isso este disco
é o encontro de Arnaldo com esta
tecnologia”, explicou John. “Uma
coisa era importante para nós”,
continuou John. “Não queríamos
um CD que soasse como um disco moderninho
de música eletrônica com
samples do Arnaldo. Isso seria fácil
fazer. Queríamos que ele registrasse
à sua maneira suas novas canções
e depois ajudaríamos a dar um acabamento
à altura de seu talento”.
John
e Rubinho levaram para o sítio
equipamento suficiente para um bom home-estúdio.
Logo de cara perceberam que Arnaldo queria
tocar de tudo e passava muito rapidamente
de um instrumento para outro. Por isso
decidiram espalhar microfones por todo
o estúdio do sítio, deixando
tudo ligado o tempo todo para manter o
momento criativo sempre em alta.
“Rubinho
trouxe seu PC de Londres. Gravamos usando
o software Cubase e uma interface M-Audio
Delta 44, que nos permitia gravar 4 canais
por vez. O que parece pouco, mas o suficiente
para este disco, já que Arnaldo
iria tocar tudo, um instrumento por vez”,
conta John. “A AKG nos emprestou
os microfones e headphones, eu levei preamps,
mixer, guitarras e outras coisas. Uma
curiosidade é a guitarra Pignose
com um alto-falante embutido no corpo,
que Arnaldo experimentou e acabou usando
em algumas gravações”.
John
deu algumas instruções básicas
para Rubinho, “apenas para ele não
cometer nenhuma gafe tecnológica
irreparável”. Mas logo ficou
claro que o mais importante era o momento,
a atmosfera, a tranqüilidade para
que Arnaldo pudesse registrar tudo que
quisesse, quantas vezes quisesse e na
hora que tivesse vontade. “E isso
o Rubinho soube conduzir muito bem”.
“Depois
de tudo registrado, voltamos para meu
estúdio em BH, onde transpusemos
as sessões de Cubase/PC para o
sistema do meu estúdio que é
Logic Audio/Mac. Lá não
gravamos mais nada: apenas acrescentei
algumas programações e instrumentos
virtuais”, explica John. Tudo foi
editado e mixado aos poucos no estúdio
de John. “Cada vez que Arnaldo vinha
à minha casa ouvíamos tudo
e ficávamos mais felizes com o
resultado”.
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1-Será
Que Eu Vou Virar Bolor?
2-Uma
Pessôa Só
3-Não
Estou Nem Aí
4-Vou
Me Afundar Na Lingerie
5-Honky
Tonky
6-Cê
Tá Pensando Que Eu Sou Loki?
7-Desculpe
8-Navegar
de Nôvo
9-Te
Amo Podes Crer
10-É
Fácil
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LÓKI?
– ARNALDO BAPTISTA - (Philips, 1974)
– Produção: Arnaldo
Baptista Loki,
o deus asgardiano da trapaça e
da loucura, não teria previsto
tal insanidade: em 1974, sozinho com seu
piano em seu quarto na Serra da Cantareira,
um rapaz de 26 anos, Arnaldo Dias Baptista,
que todos supunham desorientado, nutriu
a semente de um disco que mudaria para
sempre a face da música brasileira.
Loki?, o disco, foi gravado de um fôlego
só, sem repetir takes, no Estúdio
Eldorado, em São Paulo, em 16 canais.
Possui 10 faixas e 33 minutos de duração,
não apela a um único riff
de guitarra (uma heresia para a época)
e emparelha sintetizador com violão,
arranjos orquestrais com clavinete e órgão.
Sua musicalidade é visionária:
há sambalanço, glam, baladas
pop à moda britânica, rockabilly
norte-americano, MPB, clássico,
digressões progressivas. A invenção
é a única fronteira do álbum,
mas não é um experimentalismo
cartesiano, de nerd – Arnaldo arrombou
sem cerimônia as portas da percepção.
Loki? abriga desde uma viagem instrumental
entre Chopin e Elton John, na composição
Honky Tonky, até um certo orientalismo,
que escorrega depois para o blues e chega
até a MPB tradicional no violão
de 12 cordas em É Fácil.
Arnaldo é homem-banda se desdobrando
em busca do efeito certo, como mostra
com o sintetizador Moog em Desculpe e
Te Amo, Podes Crer. Quando canta “onde
é que está meu rock’n’roll”,
ele é puro Jerry Lee Lewis, mas
aí emenda um “eu vou voltar
pra Cantareiraaaaaa”, que é
pura MPB, e anarquiza as referências.
O ex-Mutante teve a lucidez (com apoio
de Roberto Menescal, diretor artístico
da Philips, que o bancou, e Marco Mazzola,
que o produziu) de buscar a ajuda que
precisava. O maestro Rogério Duprat,
então ex-tropicalista, abominava
aquilo em que o rock se tornara: uma fórmula
batida de guitarra, baixo e bateria, um
rótulo musical, uma limitação
da imaginação. Por causa
dessa conjuntura, largou tudo e foi viver
em uma marcenaria doméstica em
Itapecerica da Serra. Ao lapidar duas
canções de Arnaldo (Uma
Pessoa Só e Cê Tá
Pensando Que Eu Sou Loki?), teve a sensação
de que havia ainda um mundo a descortinar.
Era o nosso George Martin.
Este disco é para ser ouvido em
alto volume, recomendava Arnaldo. Não
precisava da recomendação:
o disco era tão importante que
vai ressoar eternamente, enquanto seu
tempo fica para trás. Havia, desde
janeiro daquele ano, um novo general conduzindo
com mão de ferro a ditadura militar,
Ernesto Geisel. Essa sombra permanente
fazia com que toda a arte da época
soasse combatente, engajada. Liricamente,
Arnaldo elegia sua própria angústia
existencial como o universo a ser compreendido,
e legou ao futuro uma Bíblia de
utopia alternativa. “Ficamos até
mesmo todos juntos. Reunidos numa pessoa
só”, cantava, em Cê
Tá Pensando que eu Sou Loki?.
O disco de Arnaldo baixou à Terra
como uma visão estética
e individual, o que o levou a ser comparado
a Syd Barrett, do Pink Floyd. Não
tinha equivalente entre seus contemporâneos,
como ainda não tem. Seu combustível
original foi uma desilusão amorosa,
como em 90% do pop, mas o resultado é
uma iluminação universal.
No resto do mundo, insinuava-se uma promessa
de futuro tecnológico brilhante.
Naquele ano, o Kraftwerk lançou
o clássico Autobahn. A família
dos sintetizadores recebia o revolucionário
Moog Satellite, que seria muito usado
por Vangelis nas trilhas do novo cinema.
Arnaldo Baptista transcendia sua dimensão,
vivia num disco voador. Tinha ido ao topo
da glória pop com Os Mutantes,
mas, recém-saído da banda,
continuava olhando muito além.
Na foto da capa, com a calça de
couro marrom sem camisa, a postura de
quem está à espera de algo
ou alguém, ele parecia demonstrar
que não tinha voracidade pelo futuro,
nem reverência pelo passado. Criava
sozinho a realidade, apegado aos seus
sonhos e às suas visões,
e é isso que prevalece em Loki?.
São célebres as confissões
de Sean Lennon e Kurt Cobain acerca da
influência que Arnaldo Baptista
e os Mutantes tiveram em sua música,
mas é ainda mais amplo o leque,
que vai de Devendra Banhart a Kevin Parker,
do Tame Impala. No Brasil, essa influência
se estende por gerações,
audível em canções
de Boogarins e O Terno.
Por isso, o retorno do vinil da obra pela
Polysom em maio de 2017 (Universal Music,
180 gramas, arte original, encarte inédito
com todas as letras) foi tão simbólico:
álbum transcendental, registra
as ondas das influências naquele
momento de transição –
Arnaldo o fez ainda cercado pelos antigos
companheiros, como se fizesse uma interseção.
Há vocais de apoio de Rita Lee
em duas canções (Não
Estou Nem Aí e Vou Me Afundar na
Lingerie) e os músicos são
Liminha (baixo; Sérgio Kaffa toca
o baixo apenas em Desculpe) e Dinho (bateria).
Não atire no pianista, diziam os
cartazes nos saloons do Velho Oeste. Era
peça de difícil reposição.
No caso de Arnaldo, um piano foi tudo
que ele precisou para fazer um dos discos
fundamentais da música brasileira.
(Jotabê Medeiros - sp abril 2017).
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1-I
Fell In Love One Day
2-O
Sol
3-Bomba
H sôbre São Paulo
4-Hoje
de Manhã Eu Acordei
5-Jesus
Come Back To Earth
6-The
Cowboy
7-Sitting
On The Road Side
8-Ciborg
9-Corta
Jaca
10-Coming
Through The Waves Of Science
11-Young
Blood
12-Train
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SINGIN’
ALONE – ARNALDO – II ÁLBUM
– (Baratos Afins, 1982) – Produção:
Arnaldo Baptista.
Arnaldo Baptista fala sobre o álbum
“Singin’ Alone” - Junho
2013.
Quando
fiz este LP, o Singin’ Alone, pensei:
o que está faltando na minha carreira?
Algo que fosse capaz de abranger tudo
que alcanço no universo. Então,
optei por um tipo de linguagem, de espectros,
de pensamentos, de entidades ... E todos
os lugares onde eu ia, tentava colocar
em poesia. Ou seja, a personalidade aparece
nesta vida diária, em parte das
letras, trechos da minha vida naquela
época.
Outro aspecto é que toco tudo neste
disco: bateria, contrabaixo, teclado,
guitarra... Às vezes coloco uma
gaita, pandeiro, caixinha de música
– one man band.... Em todos os conjuntos
que tive até hoje, sempre existiram
fatores que eu não concordava:
a marca do contrabaixo, muito agudo; o
amplificador mal regulado; uma pessoa
muito egocêntrica...
Neste
disco, portanto, tentei colocar um lado
pessoal, não só no alcance
da letra e da música, mas também
no instrumental e musical, que é
importantíssimo. Coloquei o que
era de se esperar: o inesperado. Misturo
Yes, que é um lado bem clássico,
bem contrabaixo, com música caipira,
que é um lado bem rural, bem peculiar
do País. Algo que abrangesse a
mente de todos. E também tem muitas
músicas em inglês, no sentido
de alcançar este tipo de mentalidade
e pensamento filosófico.
Às
vezes a gente se perde em criatividade
e vê que o objetivo não é
um só, nunca! Ambos funcionam.
Queria expor e extravasar minha criatividade
musical e poética. Por isso coloquei
este lado do inglês também.
Sobre
as canções de Singin’
Alone
“Bomba
H Sobre São Paulo” envolve
o que fiz para alcançar esta profundidade
de letra. Eu subia a pé até
a Serra da Cantareira, um caminho longo,
mas me interessava por flores, pessoas,
automóveis que passavam e também
minha mente esvoaçando por entidades,
planetas e galáxias longínquas.
Naquele dia pensei que estava andando
na Cantareira e de lá a gente pode
sentir a cidade como uma entidade separada,
uma bomba H – alguma coisa iria
acontecer. Foi assim que extravasei.
“Hoje
de Manhã Eu Acordei” envolve
outra parte da minha vida pessoal, o lugar
onde eu dormia: o quarto, a parede, um
pensamento que não é tão
tipo estrada, automóveis, galáxias.
É mais lençóis, quadros,
companhia, pensamentos de comida, exercício
etc. A paixão que eu tinha naquele
momento às vezes dava certo: “será
que é bom demais?”
“Jesus
Come Back to Earth” é uma
outra faceta da minha vida. Estava no
apartamento com minha mãe na Avenida
Angélica e não me sentia
aberto ali, então compus esta música.
“Corta
Jaca” tem um lado rural. A Suzana
Braga, que é filha de portugueses,
fez a voz caipira – para ela era
difícil falar o português
brasileiro, fazer o caipira (rs). Tem
um pouco a ver com o interior de São
Paulo. Meu avô, o coronel Orácio,
já foi prefeito de Avaré
e tentei colocar isso em forma de música
caipira com rock’n’rolll –
fiz este contraste aparecer.
Existe
um lado entre você e o instrumento,
que se traduz no piano, no órgão...
Em “Cowboy” tem esta minha
parte pessoal com o contrabaixo. Então,
pude fazer uma música na qual explico
tudo que sinto no instrumento... Jack
Bruce.
“Sitting
on the Road Side” Fui até
Catanduva pedindo carona... 400kms de
São Paulo... Senti vontade de peregrinação,
de não ser levado por nada além
de explorar e ver até onde eu aguentava
na resistência. É meio hippie.
“I
Fell in Love One Day” Assim como
“Cowboy” tem a ver com contrabaixo,
esta tem a ver com teclado, piano. Aqui,
consegui no piano uma profundidade maior
na letra, porque no contrabaixo é
mais música pesada, lenha. Então,
falo de estrada, motores. Esta eu já
entro bem em filosofia, razões
de viver...
O
lado piano me dava mais liberdade no sentido
da emoção. Fala também
de minhas procuras, inspirações,
pesquisas... Pensei também na mamãe,
que tocava piano há anos. Tem esta
parte para ela: “me leve até
o melhor”... Como se ela pudesse
interferir na minha música, pela
mediunidade... Minha mãe tinha
um universo – horas e horas deitada,
pensando no paraíso. Daí
ter falado: “não vou esperar
pela sua morte”. O lado piano me
dava mais liberdade no sentido de emoção.
Na guitarra não consigo tanta inspiração
de paixão, coração,
como no piano.
Tem
esta presença feminina nas letras...
O lado lírico, poético,
romântico, esta importância
das mulheres na vida das pessoas. Não
importa o que você pensa ou o que
você é – você
tem um só sexo como pessoa. Então,
para você dar continuidade a um
fator que é importante para a evolução,
DNA, precisamos do lado feminino que completa.
Na minha poesia, a menina é importante
como musa, como platônico... Dá
um colorido, um romantismo.
“Ciborg”
Esta também é uma área
que me leva muito adiante na vida, que
é a palavra pesquisa, aqui a humana,
que é no ciborg. Por exemplo: há
milhões de anos o corpo humano
usa no ouvido números exponenciais,
que não têm nada a ver com
matemática. O Homem descobriu este
número há 50 anos. Portanto,
o corpo humano é tão mais
evoluído que nosso alcance científico!
Coloquei Ciborg como se fosse a gente
tentando fazer máquina da máquina
que a gente é... Também
tem a ver comigo andando de bicicleta
e pensava: se fosse um ciborg teria muito
mais força na perna. “Em
vão, Ciborg!”.
“Coming
Through the Waves of Science” >
“Não sei por que fiquei tão
envolvido, quando poderia apenas tocar”..
Isso é tão profundo! Às
vezes mais profundo do que eu. Quando
falamos do feminino, pensamos em um estereótipo,
que seria a deusa. Então, tem o
lado mágico também, maior
mediunidade, maior consciência de
tudo... Aí eu entro no “Let
Spend the Night Together”.
“Young
Blood” > Só tinha um piano
em casa nesta época. E acabei fazendo
um conjunto de garagem. As pessoas eram
mais jovens do que eu, dez anos até,
então compus esta música,
inspirado nisso, neste sanguinho novo.
O entusiasmo deles era muito grande...
“Beijo do batom em você, manequim”.
Aí a inspiração veio
dos desfiles da Rodhia. Via os manequins
passarem e ficava sonhando – todas
sanguinho novo... Como se você pudesse
dizer não ao sistema : “seu
coração no sanguinho novo...”
“Train”
> Esta é interessante. Planejei
ficar numa de blues, na Cantareira, e
entrei nessa e fui para Londres e tomei
um ônibus para a Alemanha. Mas na
estação coloquei trem. Vira
e mexe ouço Jack Bruce, Elton John...
falando de trem. “Foi minha escolha
estar aqui no meio do blues”
“Balada
do Louco” > Fui até a
casa do cunhado da Rita, que tem um piano,
e compus uma música inspirada nas
diferenças que existiam entre as
pessoas. Por exemplo, tem sempre alguém
superior à você. Pra falar
a verdade, naquela semana tinha levado
um chute de uma menina no katarê,
que até sangrou meu pé...
Então, pensei, foi falta de apoio,
etc, mas não era isso: ela era
melhor do que eu mesmo... Levei adiante
neste sentido com entidades que eu achava
maravilhosas, como Alan Delon... Depois
mostrei para a Rita, que deu uma sutileza,
o lado poético dela também...
Esta nova gravação, de 1995,
foi surpreendente, porque eu não
esperava que ficasse tão bela..
Não contribui muito com o lado
musical, mas ficou muito bonito. Adorei!
Parece o Elton John com orquestra.
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1-Eu
2-Rodas
3-Crazy
Ones Ballad
4-Traduções
5-Ovni
6-Maria
Lucia
7-Jesus
Volte Até aTerra
8-Le
foulle Balad
9-I
wanna To Take off Every Morning
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DISCO
VOADOR - ARNALDO (BARATOS AFINS 1987,
inédito em CD)
Em
1987, Arnaldo lança sua mais radical
experiência. Pela Baratos e Afins
sai a gravação caseira –
somente para fãs e experts –
Disco Voador Arnaldo Paz. Um songbook
que capta o artista em seu ambiente, em
sua oficina-estúdio. A gravação
é tosca, mas traduz da melhor forma
possível o mundo musical de Arnaldo,
onde estão presentes suas experiências
sonoras e sua opção de timbres.
Sua voz com vibrato, seus teclados destorcidos.
A grande surpresa do álbum são
as duas versões de “Balada
do Louco” (Arnaldo Baptista &
Rita Lee) que Arnaldo faz para o inglês
– “Crazy one’s ballad”
– e para o francês –
“Lê foulle balad”. Outra
ótima sacada é a tradução
de ”Jesus, come back to earth”
para o português “Jesus volte
até a terra”. Mais seis canções
completam o disco: “Eu”, “Rodas”,
“OVNI”, “Maria Lúcia”,
“I wanna to take off every morning”,
(todas de Arnaldo) e a parceria de Arnaldo
& A. Alexandre: “Traduções”.
O Título-capa do álbum é
uma verdadeira arnaldice. Jogando com
o trocadilho disco (álbum/vinil)
e disco-voador, o desenho (de Arnaldo)
da capa une as duas imagens e amplia o
trocadilho/metáfora: o álbum
é um disco (vinil) e um disco-voador
raro (o álbum teve edição
limitada) e real. No meio do desenho,
a palavra PAZ simula o centro do espaço
celeste e o furo do vinil que sustenta
o disco no prato do toca-disco. Ao girar,
gira também o céu e o vinil,
revelando onde está o disco-voador
e as canções. (Marcelo
Dolabela - bhz out/nov 1999).
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1-Sunshine
2-Sexy
Sua
3-Corta
Jaca
4-Oh
Trem
5-Emergindo
da Ciência
6-Sentado
ao lado da Estrada
7-É
Um Pouco Assustador
8-Fique
Aqui Comigo
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ELO
PERDIDO – ARNALDO & PATRULHA DO
ESPAÇO – (Vinil Urbano, 1988,
inédito em CD). Produção:
Arnaldo & A Patrulha do Espaço
SOLISTA
IN SPACE PATROL
Depois
do álbum Lóki?, de 1974,
e antes do Singin’alone, de 1981,
Arnaldo Baptista viveu sua fase hard-rock,
ou melhor, sua fase lenha, para usarmos
uma expressão sessentista, até
hoje do vocabulário de Arnaldo,
para designar o ancestral rock pauleira.
Nesta viagem no limite máximo,
teve por companhia o grupo Patrulha do
Espaço.
A viagem lenha começa em 1975,
quando Arnaldo estrutura seu novo projeto,
o grupo Space Patrol, inicialmente com
o baterista Zé Brasil; e, depois,
com sua primeira formação
definida, com Rufino e Dudu, nas guitarras;
Cenoura, no contrabaixo; e Arnaldo, na
bateria com dois chimbaus, um de cada
lado. Apenas ensaios caseiros, com pequenos
amplificadores e a companhia de uma televisão
ligada, sem som.
Em 1977, o grupo passa a se chamar Arnaldo
& A Patrulha do Espaço, continuando
seus ensaios, já com a seguinte
formação: John Flavin, na
guitarra; Osvaldo Gennari “Cokinho”,
no contrabaixo; Rolando Castello Júnior,
na bateria; e Arnaldo, no piano e voz.
No final do ano, o grupo grava, no Estúdio
Vice-Versa, com apoio irrestrito do maestro
Rogério Duprat, treze músicas,
em dois dias. O material, se adquirido
por alguma gravadora, teria uma mixagem
definitiva. Sem interesse de gravadora,
o disco só veio á cena,
mesmo assim parcialmente e a partir de
uma rough mix, extraída de uma
cópia de dois canais, onze anos
depois, em 1988, com o título de
Elo Perdido.
Deste período, se revelam doze
canções, sendo que sete
delas, Arnaldo regravaria no Singin’
Alone, ou na versão original ou
vertida para o inglês/português,
com sutis, mas fundantes, modificações
em seu texto.
Elo Perdido repete do Singin’ Alone:
O Sol, com o título de Sunshine;
Corta Jaca; Oh Trem/Train; Emergindo da
Ciência/ Coming Through the Waves
of Science; e Sentado ao lado da estrada/Sitting
on the road side.*
De inéditas, temos: Sexy Sua, canção
de amor e sexo composta para a ex-namorada
Martha Mellinger, com seu título/refrão
trocadilhescos – sua: verbo? Pronome?
-, pode ser resumida como um culto/exercício
prático da libido.
É um pouco assustador I, exercita
segundo Arnaldo, o jogo reativo de encontros
telepáticos. Onde, quem participa
do encontro se assusta e se auto conhece.
E Fique Aqui Comigo, Arnaldo trava um
diálogo com uma visitante desconhecida,
que seria. Ao mesmo tempo, parceira e
platéia de um show-conversa mental.
(Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
*Conforme informação de
Arnaldo Baptista, o nome correto da música
Raio de Sol é: Sentado ao Lado
da Estrada.
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1-Emergindo
da Ciência
2-É
Um Pouco Assustador II
3-Arnaldo
Soliszta
4-I
Feel In Love One Day
5-Cowboy
6-Hoje
de Manhã Eu Acordei
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FAREMOS UMA NOITADA
EXCELENTE - ARNALDO & PATRULHA DO ESPAÇO
– (Vinil Urbano, 1988, inédito
em cd). Ao Vivo. Produção:
Roberto Takaharu Oka. Em
maio de 1978, já com mais um guitarrista,
Eduardo Chermont, o grupo se apresenta
no Teatro São Pedro, em São
Paulo – SP. Da noite sairia uma
gravação amadora, lançada,
em 1988, no álbum Faremos Uma Noitada
Excelente...
O disco traz as já conhecidas:
Emergindo da Ciência, É Um
Pouco Assustador II, I Fell in Love One
Day, Cowboy e Hoje de Manhã Eu
Acordei, de inédita somente a instrumental
Arnaldo Soliszta, improviso ao piano,
à maneira de Hermeto Pascoal. O
título foi dado, posteriormente,
por Rolando Castello Júnior e abarca
as várias capacidades e saberes
de Arnaldo: pianista, solista, fã
do compositor húngaro Franz Liszt
(1811-1886) e, obviamente, solista, amante
do sol, leia-se, sunshine/LSD.
Nestes dois falsos rascunhos, na verdade
songbooks de sobrevivência e luta,
Arnaldo escreve, em forma de mosaico,
sua revolucionária obra, entre
a louca-lucidez que envolve projetos de
diálogos e interlocuções,
entre palco e platéia, passado
e futuro, vida e arte, ciência e
sonho, revelando que há sempre
algo que falta, algo que ficou irremediavelmente
perdido, e que, a cada descoberta, percebemos
que é a incompletude que nos completa.
A obra solo de Arnaldo é isto,
lacunas e elos perdidos que se completam
permanentemente.
Assim, que tenhamos novos e bons ouvidos
e sejamos bem-vindos ao Jardim do Sonho
e da nova Ciência desta eterna nova
música chamada: Arnaldo Dias Baptista.
(Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
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1- Ai Garupa
2- Tacape
3- Te Amo Podes Crer
4- Concerto de Bradenburgo
5- Sentado ao Lado da Estrada
6- Ovelha Negra
7- O A e o Z
8- Marcha Turca
9- Don’t Think Twice, It is All Right
10- É Fácil
11- Cry Me a River
12- Take It to the Limit
13- Emergindo da Ciência
14- Ciborg
15- Honky Tonky Woman
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Shining Alone – Ao Vivo – TUCA SP – gravado em 14 de fevereiro de 1981, lançado em 2013 no ambiente digital.
Texto: Lulina
Capa: Thais Rebello
Foto capa/show: Martha Mellinger
Shining Alone tem o poder de nos levar ao ano de 1981, a uma das cadeiras do TUCA, teatro onde aconteceu esse registro histórico, e até então inédito, da apresentação solo de Arnaldo Baptista.
Da cadeira onde estou sentada, consigo ver o roadie consertando o "rombo" do violão, comentado por Arnaldo na faixa 6. Sou abraçada pela doçura do seu bate-papo com a plateia, de onde puxo ar para mergulhar de novo na profundidade das canções que transbordam, até nos momentos alegres, melancolia e solidão, presentes na própria estética do espetáculo: Arnaldo na companhia apenas de uma guitarra, um piano e um órgão Hammond que é "coisa de americano, mas funciona, né?".
Se nas gravações de estúdio a emoção já guiava a produção, em um registro ao vivo essa espontaneidade fica ainda mais forte e tocante. No repertório, seus clássicos se misturam a versões de Bach e Mozart, Bob Dylan e Rolling Stones, quebrando barreiras de gênero musical e conceitos estéticos. Graças a Luiz Calanca, que gravou o show em condições precárias na época, agora, mais uma barreira é quebrada: a do tempo.
O registro traz, ainda, as pérolas inéditas “Ai Garupa” e “Tacape”.
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1-Panis
Et Circenses
2-A
Minha Menina
3-O
Relógio
4-Maria
Fulô
5-Baby
6-Senhor
F
7-Bat
Macumba
8-Le
Premier Bonheur Du Jour
9-Trem
Fantasma
10-Tempo
No Tempo
11-Ave
Gengis Khan
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MUTANTES
(Polydor, 1968) - Produção: Manoel Barenbein
Primeiro álbum do grupo. É o disco tropicalista
da banda. Espécie de carta de princípio,
reúne, em suas 11 faixas, um pouco das propostas
e possibilidades futuras. Com arranjos de Rogério
Duprat e as participações de Jorge Ben
no violão e voz, e do baterista Dirceu, o faz
um mixer das propostas "fundamentalistas"
da Tropicália - Panis et Circenses, Bat macumba
e Baby - com a irreverência anárquica dos
Mutantes. Fazendo de todos os absurdos, todas as incosequências:
possibilidades - confrontar o principal parceiro de
Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira (Adeus Maria Fulô)
com a existencialista-pop Françoise Hardy (Le
Premier Bonheur du Jour); misturar Jorge Ben (A Minha
Menina), com uma versão (não creditada,
do pai César Dias Baptista) de uma semi-conhecida
canção do grupo norte-americano The Mamas
and The Papas (Tempo no Tempo / Once There was a Time
i Thought) a uivos pré-históricos em homenagem
a Gengis Khan (Ave Gengis Khan) e uma paródia
kafkaniana (Senhor F). Completam o álbum: O Relógio
e Trem Fantasma. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
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1-Dom
Quixote
2-Não
Vá Se Perder Por Aí
3-Dia
36
4-2.001
5-Algo
Mais
6-Fuga
Nº II Dos Mutantes
7-Banho
de Lua
8-Ritta
Lee
9-Mágica
10-Qualquer
Bobagem
11-Caminhante
Noturno
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MUTANTES (Polydor, 1969) - Produção:
Manoel Barenbein Depois
da estréia em 1968, o Mutantes, agora sem o artigo
Os, lança, em 1969, o primeiro álbum dentro
da verdadeira estética mutantropicalista. O álbum
de 69 é o mais experimental do grupo. Não
há nehum limite. Tudo - literalmente - tudo é
possível. Tudo é funcional em sua estranheza.
Da capa - com o trio simulando Dom Quixote - Sancho
Pancha e Dulcinéia noiva - a audácia das
audácias: gravar um jingle, da Shell, em um disco
(Algo Mais); para o universo pop, o grupo constrói
seus dois maiores hits (Fuga nº 2 e Caminhante
Noturno); regrava Celly Campello (Banho de Lua); incorpora
recursos paranomásicos da poesia concreta, com
o auxílio do "pai" César Dias
Baptista, em Dom Quixote; dialoga magistralmente com
a tropicália enviesada de Tom Zé, em 2001
e Qualquer Bobagem; grava iê-iê-iê
(Não vá se perder por aí) e psicodelia
(Dia 36, parceria como o hippie performático
Johnny Dandurand) e por fim, faz, talvez a primeira,
meta-canção da MPB, isto é, uma
canção falando sobre a própria
cantora (Rita Lee). O álbum de 69 traz - ainda
de que forma implícita - a participação
dos outros dois mutantes: o baterista Dinho (Ronaldo
Leme) e o contrabaixista (que no disco tocou viola)
Liminha. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
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1-Ando
Meio Desligado
2-Quem
Tem Mêdo de Brincar de Amor
3-Ave
Lúcifer
4-Desculpe
Babe
5-Meu
Refrigerador Não Funciona
6-Hey
Boy
7-Preciso
Urgentemente Encontrar Um Amigo
8-Chão
de Estrêlas
9-Jôgo
de Calçada
10-Haleluia
11-Oh!
Mulher Infiel
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A DIVINA COMÉDIA OU ANDO
MEIO DESLIGADO (Polydor, 1970) - Produção:
Arnaldo Sacomani
Depois de reler o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes,
o Mutantes parte rumo ao inferno da Divina Comédia
e reconstrói o poeta italiano Dante Alighieri
em versão pop-psicodélica. Se o álbum
anterior foi experimental, este de 70 é - no
sentido mais amplo - revolucionário. Nunca, na
história da música brasileira, um grupo/artista
foi tão longe em radicalidade. A Divina Comédia
dos Mutantes jogou por terra todas as divisões
e segmentações musicais. pop - experiência
- vanguarda - cafonice - rigor - informalidade - rock,
tudo se fundiu. Roberto Carlos & Erasmo Carlos (Preciso
Urgentemente Encontrar um Amigo) com Sílvio caldas
& Orestes Barbosa (Chão de Estrelas - o melhor
arranjo - de Rogério Duprat - já realizou
na MPB) bate cabeça com Dante (Ave Lúcifer
e Oh! Mulher Infiel. Ao quinteto - Arnaldo - Dinho -
Liminha - Rita & Sérgio), se juntam, em participações
mais do que especiais: raphael Vilardi, violão
e voz; e o percussionista Naná Vasconcelos. Nos
arranjos, o tom magistral de Duprat. (Marcelo Dolabela
- bhz out/nov 1999).
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1-Top
Top
2-Benvinda
3-Tecnicolor
4-El
Justiciero
5-It’s
Very Nice Pra Xuxu
6-Portugal
de Navio
7-Virgínia
8-Jardim
Elétrico
9-Lady,
Lady
10-Saravá
11-Baby
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JARDIM
ELÉTRICO (Polydor, 1971) - Produção:
Arnaldo Baptista
Depois de três álbuns - um tropicalista,
um experimental e um revolucionário - , o Mutantes
lança o seu disco mais estranho. O jardim Elétrico
é, sonoramente, bem proxímo da fotografia
da contracapa. O quinteto zoando em um estúdio,
entre parafernálias elétricas, instrumentos
acústicos e alguns estimulantes. Basta notar que
pela primeira e única vez, sempre que Rita lee
e Sérgio Dias participam como compositores de uma
música, é esta a sequência dos nomes,
o que, à la Lucy in the Sky with Diamonds, dá
para ler L (Lee) S (Sérgio) D (Dias). Disco de
zoeira. Traz outro hit do grupo Top Top, um hard rock
infernal Jardim Elétrico; uma doce versão
(para o inglês) de Baby e uma paródia - homenagem
a Tim Maia, Bemvinda. Completando o álbum: Tecnicolor,
El Justiceiro; It's Very Nice pra Xuxu; Virgínia;
Lady, Lady; Batmacumba e Saravá. (Marcelo Dolabela
- bhz out/nov 1999). |
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1-Posso
Perder Minha Mulher, Minha Mãe,
Desde Que Eu Tenha O Meu Rock and Roll
2-Vida
De Cachorro
3-Dune
Buggy
4-Cantor
de Mambo
5-Beijo
Exagerado
6-Balada
do Louco
7-A
Hora e a Vêz do Cabelo Nascer
8-Rua
Augusta
9-Mutantes
e Seus Cometas No País do Baurets
10-Todo
Mundo Pastou II
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MUTANTES
E SEUS COMETAS NO PAÍS DO BAURETS (Polydor, 1972)
- Produção: Arnaldo Baptista
1972 é o primeiro ano (chave) do resto da vida
do Mutantes. Com o Baurets, Rita Lee dá adeus
ao grupo. Mas antes, se une Arnaldo - Dinho - Liminha
& Sérgio no álbum mais rock'n'roll.
De Posso perder minha mulher, minha mãe, desde
que eu tenha meu rock'n'roll até Rua Augusta,
o disco é uma pauleira (ou lenha, como gosta
de nomear Arnaldo Baptista) do começo ao fim.
E dá-lhe rock and roll em Dune Buggy, Beijo Exagerado
e A Hora e a vez do Cabelo Nascer (esta magistralmente
regravada pelo Sepultura. Em contraponto, as suavidades
ácidas de Vida de Cachorro e o hit dos hits do
grupo Balada do Louco. No setor lisergia, a ópera-surrealista-progressiva
de Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets,
que inclui uma releitura de Tempo no Tempo / I Once
There was a Time i Thought, do primeiro disco; e a vinheta
dadísta Todo Mundo Pastou I e II. Ainda sobre
o Baurets, resta dizer que o título do álbum
e a canção homônima relêem
mais um pilar da literatura mundial, o inglês
Lewis carroll, e seu Alice no País das Maravilhas.
É, obviamnte, o senhor Bill Halley e seu topete
chuca e seus comets. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov
1999)
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1-A
e o Z
2-Rolling
Stones
3-Você
Sabe
4-Hey
Joe
5-Uma
Pessôa Só
6-Ainda
Vou Transar ComVocê
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O A E O Z (Philips, 1992;
gravado em 1973) - Produção: Mutantes
Com a saída
de Rita Lee, o quarteto - Arnaldo - Dinho - liminha
e Sérgio - ainda grava, em 1973, um novo
disco, que fica inédito até 1992.
O A e o Z é a exacerbação
da ópera-surrealista-progressiva Mutantes
e Seus Cometas no País dos Baurets, do
disco anterior. As seis faixas do álbum,
embora independentes uma das outras, compões
uma longa trilha sonora para um filme à
la Zabriskie point, de Antonioni. Viagem. Trip.
Good Trip. Da autobiográfica (de Arnaldo)
Rolling Stones a Uma Pessoa Só (depois
regravada por Arnaldo em seu 1º álbum
solo Lóki?, de 1973), o álbum -
sintomaticamente chamdo de O A e o Z - é
o clique final na maravilhosa história
do grupo Mutantes. Algum tempo depois, Arnaldo
deixa o grupo e Dinho - Liminha e Sérgio
seguem com o projeto (ou novo projeto) Mutantes,
mas aí ja é outra história,
outra mutação, outro coração,
outra trip. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
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1-Panis
Et Circenses
2-Bat
Macumba
3-Virginia
4-She’s
My Shoo Shoo ( A Minha Menina)
5-I
Feel A Little spaced Out (ando Meio Desligado)
6-Baby
7-Tecnicolor
8-El
Justiciero
9-I’m
Sorry Baby (Desculpe Babe)
10-Maria
Fulô
11-Le
Premier Bonheur Du Jour
12-Saravah
13-Panis
Et Circenses (reprise)
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TECNICOLOR
(Universal, gravado em1970 e lançado em 1999)
- Produção: Carl Holmes
"Tecnicolor" – a penúltima
última viagem dos Mutantes
Existem
coletâneas e coletâneas de sucesso. Na maioria
das vezes, são sofríveis. Acompanham o
bel-prazer – ou desprazer – das gravadoras.
Quase sempre, com a pretensão de atualizar a
obra do artista a onda do momento. Se o período
é de romantismo, a coletânea deve trazer
as canções mais melosas do artista. Poucos
artistas têm suas obras bem administradas. Beatles;
Madonna; Prince. Roberto Carlos; Marisa Monte; Paralamas
do Sucesso.
Os contratos de cessão de direitos fonográficos
ainda continuam na idade da pedra. Para as gravadoras,
tudo – ou quase tudo. O que já é
muito. Para os artistas, a possibilidade de fama, riqueza
e glória. Como o risco é grande e com
a incerteza não se deve brincar, geralmente,
um lado (as gravadoras) ganha e o outro (os artistas)
perde.
O mais absurdo dessa situação é
a falta de gerência do artista sobre sua própria
obra. Isso acontece no universo (da música pop)
que mais lucro produz. Na literatura, no cinema, nas
artes plásticas, esse desmando é raramente
aceito.
Assim, a grande vingança desse "dono que
nada possui" é quando ele administra sua
coletânea como um lançamento, não
como uma colcha de farrapos de retalho para encher mais
o cofre das gravadoras.
Sem dúvida, a primeira grande obra dentro desse
formato foi a gravação do álbum
"Tecnicolor" dos Mutantes, em 1970. Era, ao
mesmo tempo, uma brincadeira e um passo à frente,
uma coletânea e um álbum de carreira. Pois
dava nova roupagem para canções já
lançadas pelo grupo. Novas roupagens realmente.
Não uma gravaçãozinha com um adereço
a mais.
O grupo, em sua proposta de "revolução
permanente", no terceiro ano de sua carreira fonográfica
(a estréia se deu em 1968 com o álbum
"Os Mutantes"), sem medo e sem pudor, revirou
e reviu as entranhas de sua história.
Segundo Carlos Calado, "Tecnicolor" é
um "título virtual", provavelmente
bem posterior. O álbum foi gravado em Paris,
em novembro de 1970, no Des Dames Studio. Sob a produção
de Carl Holmes.
O álbum, para seguirmos um conceito da época,
faz uma coletânea de versões na melhor
acepção do Poema/Processo. Isto é,
versões a partir de obras primeiras que se transformam
em novas obras. É uma espécie de "Abbey
Road" (penúltimo disco dos Beatles) às
avessas. Esse disco do "Fab Four" foi gravado
depois do último ("Let It be") e foi
lançado antes. Esse dos Mutantes foi gravado
antes do "último" ("Mutantes &
Seus Cometas no País dos Baurets") e só
lançado duas décadas depois.
O disco é uma antologia especial. Pois reúne
repertório recente, do álbum "Jardim
Elétrico", do ano: "Virgínia";
"Tecnicolor"; "El justiciero" e
"Saravah", com sucessos anteriores. Os "hits"
tropicalistas: "Panis et circences" (em duas
versões); "Bat macumba"; "She’s
my Shoo Shoo" (isto é, a jorgeben-tropicalista
"A minha menina") e "Baby", a canção
mais regravada pelos Mutantes (três versões);
os clássicos "I feel a little spaced out"
("Ando meio desligado"); "Adeus Maria
Fulô" e "I’m sorry" ("Desculpe,
babe"); e o tributo aos anfitriões franceses,
uma regravação de "Le premier bonheur
du jour", já gravada no primeiro álbum
do grupo.
O efeito-Mutantes da empreitada é que o grupo,
não se fazendo de rogado, traduziu quase todas
as letras para o inglês. Exceto, obviamente, a
concretista e intraduzível "Bat macumba",
a brejeira "Adeus Maria Fulô" e a canção
francesa. "She’s my Shoo Shoo" ficou
mais Jorge Ben ainda. O refrão original, em português,
só aparece como coda.
"Tecnicolor" foi lançado em 2000. Além
da surpresa pela modernidade sonora, trouxe ilustrações
e textos manuscritos assinados por Sean Ono Lennon.
Isso mesmo, o filho "inteligente" de Yoko
Ono e John Lennon. Que, reza a lenda, disse julgar mais
revolucionário o grupo brasileiro do que o olímpico
grupo do pai. A colaboração estrangeira
foi vista como algum incomodo. Pois, como sempre, a
crítica especializada brasileira achou que Sean
não era a pessoa mais indicada para conceber
a capa. Bobagem, "fosse um dia de sol", como
diria Oswald de Andrade, o preconceito tupiniquim entenderia
que esse gesto foi mais uma confirmação
de que nosso "Astronauta Libertado", a cada
dia que passa, por mérito, é mais entronizado
no Panteão do pop-rock mundial. E que se aprenda
de uma vez, parafraseando, Tom Jobim, Os Mutantes, assim
como o Brasil, não é uma coisa para amadores.
(Marcelo Dolabela - bhz out/nov 2005).
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CD
I
01
- Don Quixote
02
- Caminhante Noturno
03
- Ave Gengis Khan
04
- Tecnicolor
05
- Virginia
06
- Cantor de Mambo
07
- El Justiciero
08
- Baby
09
- I'm Sorry Baby
10
- Top Top
11
- Dia 36
CD II
01
- Fuga nº II
02
- Le Premier Bonheur du Jour
03
- Dois Mil e Um
04
- Ave Lucifer
05
- Balada do Louco
06
- I Feel a Little Spaced Out
07
- A Hora e a Vez do Cabelo Nascer
08
- A Minha Menina
09
- Bat Macumba
10
- Panis et Circensces
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MUTANTES
AO VIVO - BARBICAN THEATRE - LONDRES
(Sony & BMG, 2006) - Produção:
Sérgio Dias.
A volta do Mutantismo
O Rock and Roll já é um senhor de mais
de 50 anos. Enfim, o tempo lhe permitiu começar
a acertar uma dívida histórica. Isto é,
uma dívida futura: “como entender, assimilar
e conviver com seu passado?”. Como viver e entender
o “sofrer”, como cantou Tom Zé, “de
juventude”?
O escritor Rubem Braga, falando sobre a crônica
jornalística, comentou: “A verdade não
é o tempo que passa, a verdade é o instante”.
Se o Rock é volátil, um gás, como
cantou Jimi Hendrix, como viver a eternidade do instante?
Como viver esse único tempo?
B. B. King completa, este ano, 83 anos. Para os fãs
do Blues, ele não está velho. João
Gilberto está com 76 anos. E ainda é o
grande nome da Bossa Nova.
O Rock, enfim, começa a entender o jogo dialético
entre “tempo” e “instante”,
entre o que já está inscrito na história
e o que ainda esgarça, com inventividade, a história.
A volta dos Mutantes vem, em boa hora, saldar essa dívida
e responder, de vez, a questão: “se o grupo
foi e é o exemplo mais perfeito da revolução
do rock brasileiro e um dos maiores nomes do rock internacional,
por que encapsular sua trajetória em apenas cinco
anos (1968-1972) de produção fonográfica?
O acervo do Beatles, vez ou outra, é bem revisitado
por Paul McCartney e George Martin. Por que não
permitir que a revolução-Mutantes continue?
Tirando o fogo amigo (as críticas de Rita Lee
e a recusa de Liminha), quando foi anunciada a volta
do grupo, as expectativas foram as mais diversas, da
dúvida ao medo, de alívio ao “até
que enfim”.
Mas o que poderíamos esperar dessa volta? Como
o núcleo Arnaldo Baptista – Sérgio
Dias & Dinho se comportaria “quimicamente”
trinta e cinco anos depois? Quem e como substituir a
voz emblemática de Rita Lee? De que instrumental
e de quais arranjos vestir “clássicos”
que trazem o grupo em seu apogeu sob a maquinaria sonora
do maestro Rogério Duprat?
A resposta foi sábia. O grupo ressurgiu no “exílio”,
longe das expectativas e das ansiedades, em um evento
em Londres que comemorava a Tropicália para além
dos muros musicais, a mostra/exposição
“Tropicália – a revolution in brazilian
culture”. Que fez um mapeamento amplo do movimento:
música + poesia + artes plásticas + cinema
+ teatro + arquitetura + dança + política
+ teoria + história. Com um show no The Barbican
Center, em Londres, Inglaterra, em maio de 2006.
O material-show/disco, lançado agora em CD/DVD,
é impecável. O grupo, sob a batuta de
Sérgio e a criatividade de Arnaldo, conseguiu
unir o mais experimental da Tropicália aos melhores
elementos da psicodelia, de ontem, hoje e sempre.
Hoje o grupo tem dez integrantes: os oficiais: Arnaldo
Baptista, teclados e voz; Sérgio Dias, guitarra
e voz; Dinho Leme, bateria; mais a voz, em participação
mais do que especial, de Zélia Duncan, uma mutante
por natureza; os backing vocals de Fabio Recco e Esmérya
Bulgari; os teclados de Vitor Trida e Henrique Peters;
o contrabaixo de Vinicius Junqueira; e a percussão
de Simone Soul
.
O repertório é um “the best”.
Há música dos cinco álbuns, da
fase heróica, do grupo. Do primeiro disco, “Os
Mutantes”, de 1968: “Panis et circencis”;
“Minha menina”; “Bat macumba”;
“Le premier bonheur du jour” e “Ave
Gengis Khan”. Do álbum “Mutantes”,
de 1969, “Dom Quixote”; “Dia 36”;
“Fuga n.2” e “Caminhante noturno”.
Do “A divina comédia ou ando meio desligado”,
de 1970, “Ando meio desligado”; “Ave
Lúcifer” e “Desculpe, babe”.
Do “Jardim elétrico”, de 1971, “Top
top”; “Technicolor”; “El justiciero”
e “Virgínia”. E do “Mutantes
& Seus Cometas No País do Baurets”,
de 1972, “Cantor de mambo”; “Balado
do louco” e “A hora e a vez do cabelo crescer”.
Sérgio Dias está em uma forma impressionante.
Zélia Duncan, mesmo participando pouco, mostra
que a escolha foi acertada. Arnaldo aparece com suas
tiradas surreais e seu vocal característico.
Dinho continua preciso e fundamental. Os demais músicos
assumem, com louvor, a função de co-participantes.
A caixa – com dois CDs e um DVD –, lançada
pela Sony & BMG, mostra na íntegra o show
de Londres. CDs e DVD trazem a mesma seqüência,
como em um jogo de mise-en-abyme, de bonecas russas,
dentro da maior, outra e outra e outra...
Começa com a poesia concreta (à maneira
mutantista) de “Don Quixote”, com suas aliterações
e paronomásias, e termina com a crueldade tropicalista
de “Panis et circensis”, de Gilberto Gil
& Caetano Veloso. Ao longo do show, o tempo vai
e volta. Pára e retorna. Como coisa móvel,
flexível, sem cronologia. Como se o grupo, na
verdade, em seu período áureo (68-72),
tivesse lançado um longo álbum quíntuplo.
As canções embaralhadas mostram melhor
a planta baixa o plano-piloto do estilo-Mutantes.
Provando, mais uma vez, que o grupo não é
apenas um nome na plêiade-Rock. Mas um “modo
de fazer”, um estilo, um subgênero, para
usarmos uma terminologia de Roy Shuker (“Vocabulário
da música pop”), dentro do próprio
Rock: o Mutantismo.
O que explica a admiração de artistas
tão diferentes em relação à
obra do grupo. De David Byrne a Kurt “Nirvana”
Cobain. Passando por Beck, Sean Lennon, Beastie Boys,
Pizzicato Five e Belle & Sebastian.
Afinal, o que foi apresentado nessa “reestréia”
é apenas um pequeno – mas significativo
– extrato do “baú dos Mutantes”,
ainda há material para pelo menos dois novos
lançamentos.
O que virá, ainda não sabemos. Mas, com
certeza, é mais combustível (não-poluente).
Provando que, ainda vale a pena continuar com e na revolução-Mutantes.
(Marcelo Dolabela - bhz julho/2007).
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1-Sucesso,
Aqui Vou Eu
2-Calma
3-Viagem
ao Fundo de Mim
4-Precisamos
de Irmãos
5-Macarrão
Com Linguiça e Pimentão
6-José
7-Hulla-Hulla
8-And
I Love Her
9-Tempo
Nublado
10-Prisioneira
do Amor
11-Eu
Vou Me Salvar
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BUILD UP - RITA LEE (Polydor
- 1970) - Direção Musical: Arnaldo Baptista
A música pop se funda na relação
entre novidade e redundância. Nesse jogo dialético,
podemos medir o grau de importância de um artista
e de uma obra.
Os LPs “Build up” e “Hoje é
o primeiro dia do resto da sua vida”, primeiros
álbuns solos de Rita Lee, lançados, respectivamente,
em 1970 e 1972, só podem ser lidos se bem entendida
essa relação.
São praticamente inclassificáveis. São
obras solos e, ao mesmo tempo, “codas” e
complementos da discografia oficial/não-oficial
dos Mutantes.
Nesses dois momentos, Rita Lee, ainda, era membro efetivo
dos Mutantes. Mas, mesmo assim, se lançou na
empreitada de projeto solo.
Atitude, relativamente, normal e salutar. Principalmente
se entendermos essa opção como oxigênio
para a trajetória de um grupo.
No Brasil, Mingo, dos grupos The Clevers/Os Incríveis,
foi o primeiro artista a caminhar por essa vereda.
Porém, o que surpreende nos dois LPs de Rita
Lee é que não foi respeitada a regra básica:
“seguir um rumo (individual) diferente das propostas
do grupo”. Afinal, para fazer “do mesmo”,
é melhor fazer “o mesmo”. Isto é,
mais um disco do grupo. A partir da década de
1980, essa prática se tornou comum: os titãs
Sérgio Brito e Paulo Miklos; Edgar Scandurra
e Nazi, do Ira!; Herbert Vianna, do Paralamas do Sucesso;
Frejat, do Barão Vermelho; Paula Toller e George
Israel, do Kid Abelha. Todos realizaram discos-solos
com traços para além dos muros da discografia
do grupo.
Com Rita Lee, nessas ocasiões, foi diferente.
Foi “o mesmo” inovador. Ou “uma inovação”
sobre o mesmo tema. Trocando o nome na capa e no selo
do disco – Rita Lee por Mutantes, ninguém
perceberia que estivesse ouvindo um álbum solo.
Mas como essa troca não foi realizada, estamos
diante de dois álbuns exclusivos de Rita Lee.
E que só existiriam da forma que foram lançados,
como discos solos. Estão, em uma avaliação,
mais detalhada, quilômetros de distância
da discografia dos Mutantes. Principalmente, se compararmos
“Build up” com a hiper-experimentação
tropicalista de “A Divina Comédia ou ando
meio desligado” e “Hoje é o primeiro
dia do resto de sua vida” com a lisergia psicodélica
de “Mutantes e seus cometas no País dos
Bauretz”, lançados nos mesmos períodos.
Dois personagens à procura de um autor? Um personagem
se multiplicado em dois autores?
A planta baixa dos dois discos solos são relativamente
semelhantes:
(1) composições do núcleo básico
– Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias
+ Liminha;
(2) arranjos de Arnaldo; e
(3) acompanhamento dos Mutantes.
“Build up” serviu de base para o espetáculo
“Bulid up eletronic fashion show”, da Rhodia,
na Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil),
em agosto daquele ano, que narrava a trajetória
e os (des)caminhos de uma artista (Rita Lee) rumo aos
estrelato.
Das canções do disco, temos da dupla Rita
& Arnaldo: “Sucesso, aqui vou eu (Build up)”
e “Macarrão com lingüiça e
pimentão”; de Rita e Elicio Decário
– que, na época, colaborou com “A
Divina Comédia” com “Ave Lúcifer”,
parceria com Rita & Arnaldo; e “Hey boy”,
com Arnaldo: “Hulla-hulla” –: “Tempo
nublado” e “Eu vou me salvar”; de
Decário solo: “Precisamos de irmãos”
e “Prisioneira do amor”; de Arnaldo: “Calma”;
a primeira composição assinada apenas
por Rita: “Viagem ao fundo de mim”; e “José
(Joseph)”, versão da parceira de tropicalismo
Nara Leão de uma composição de
Georges Moustaki; e o bolero-beatle “And I love
her (And I love him)”.
A faixa-título é a canção-roteiro.
Embora o título “Build up” estabeleça
a idéia de “construção pública
de uma imagem”, o álbum, na verdade, se
compõe de canções que sugerem “a
construção individual e íntima
de Rita Lee”, uma avassaladora “viagem”,
como sinaliza uma das canções, “ao
fundo de mim”. Tirando o nonsense da letra-receita
de “Macarrão com lingüiça e
pimentão” e o lirismo de “José”,
todas as outras letras são expressamente registradas
na primeira pessoa do singular (EU), com pequenas variações
para o plural (NÓS) ou desdobramento do EU +
VOCÊ:
“Já estou até vendo / meu nome brilhando
/ E o mundo aplaudindo / Ao me ver cantar / Ao me ver
dançar / I wanna be a star... / Eu direi adeus
/ Aos sonhos meus / Sucesso, aqui vou eu... / Eu vou
lutar / Eu vou subir e conseguir...”; “Calma,
calma / Sinto, mas tudo que eu quero / É só
fugir de você...”; “... Em câmara
lenta voar / Eu sinto você me amar...”;
“Eu preciso de canções e amigos
/ De amor, de flores, de abrigo...”; “Estou
indo para uma ilha...”; “Onde estará
você, meu amor? / Onde estará você?...”
e “Eu vou me salvar / Eu vou me salvar / Para
garantir a minha vida eterna...”. (Marcelo
Dolabela - bhz jul/agosto 2005).
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1-Vamos
Tratar da Saúde
2-Beija-me
Amor
3-Hoje
é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida
4-Teimosia
5-Frique
Comigo
6-Amor
Branco e Preto
7-Toroleite
8-Tapupukitipa
9-De
Novo Aqui Meu Bom José
10-Superfície
do Planeta
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HOJE
É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE SUA VIDA (Polydor
- 1972) -
Direção de Produção: Arnaldo
Baptista. Dois
anos após “Build up”, Rita Lee lança
seu segundo álbum solo. A situação
já é bem diferente. Se antes, Rita ainda
era uma efetiva mutante; agora, a opção
do grupo pelo rock progressivo (leia-se: influência
do grupo Yes), praticamente jogava a artista para fora
do Planeta dos Bauretz. Seu segundo disco é uma
despedida e, ao mesmo tempo, o álbum mais Mutantes
de todos os trabalhos do grupo. Nenhum dos seis álbuns
da primeira fase do grupo – 1968-1972 –
foi composto exclusivamente pelos integrantes, todos
tiveram colaborações externas. O “Hoje
é...”, não. Todas as faixas foram
compostas pelo núcleo Arnaldo-Rita & Sérgio
+ Liminha: “Vamos tratar da saúde”;
“Beija-me, amor”; “Hoje é o
primeiro dia do resto da sua vida”; “Teimosa”;
“Frique comigo”; “Amor branco e preto”;
“Tiroleite”; “Tapupukitipa”;
“De novo aqui, meu bom José?” (resposta
irônica a lírica “José (Joseph)”,
do “Build up”); “Superfície
do planeta”. A censura retalhou algumas letras
que, de ácidas, se transformaram em líricas.
Em “Beija-me, amor”, ouvimos: “Para
que eu sinta o seu gosto / Mesclado com o gosto de amor
/ “Mastigado entre os dentes meus...”. Mas,
na verdade, o texto original dizia: “Para que
eu sinta a saliva / E o gosto de cuspe / Escorrendo
entre os dentes meus...”, (cf.: Carlos Calado:
“A Divina Comédia dos Mutantes”,
pág.285).
O único furo (novidade) no bloqueio-Mutantes
é a (estréia) participação
da cantora, compositora e instrumentista Lucia Turnbull,
nos vocais. Futura parceira de Rita no projeto pós-Mutantes
Cilibrinas do Éden, em 1973. Dupla que serviria
de base, no ano seguinte, para o grupo Tutti Frutti,
com a entrada do guitarrista Luiz Sérgio e do
contrabaixista Lee Marcucci. Álbum de estréia:
“Atrás do porto tem uma cidade”.
Embora contemporâneo do LP “Mutantes e seus
cometas no País dos Bauretz”, “Hoje
é...” é um volta e/ou um símile
do primeiro disco do grupo – “Os Mutantes
–, de 1968. Uma audição (e uma visão)
atenta de ambos mostra a estranha e estrondosa semelhança.
A começar pelas capas: o álbum de 1968
traz, na contracapa, um pequeno desenho do grupo feito
por Rita; no álbum solo, a capa traz um auto-retrato
de Rita, a simplicidade gráfica esconde para
revelar um dos elementos básicos da estética
do grupo: o humor. O que, infelizmente, a opção
progressiva da época encobriu ou descartou.
“Hoje é...” se traduz em uma catarse
final solo/coletiva rumo a esse elemento. Se de um lado,
no “Bauretz”, o humor – muito presente
– está submerso; no álbum solo,
ele está explícito, sobre uma textura
sonora que, às vezes, soa também progressiva.
O disco tem dois capítulos distintos:
(1) biográfico, na trilha de “Vamos tratar
da saúde” e “Hoje é o primeiro
dia do resto da sua vida”.
(2) Humorístico, em “Amor em branco e preto”
(um hino não oficial para o Corinthians), “Tapupukitipa”
e “Tiroleite”. Talvez a única tentativa
vitoriosa de se fazer bom-humor com os valores da geração
hippie. Essa canção, embora não
tenha se transformado em sucesso rádio-televisivo,
é um dos grandes “hits” das rodinhas
de violão. Em algumas, divide o pódio
com “Andança”, “No woman, no
cry (Não chores mais)”, “Maluco beleza”,
“Sobradinho” e coisas e tais.
Se “Hoje é...” é uma volta
ao início do grupo, é, também,
um disco-projeto do que seria a carreira-solo de Rita.
Isto é, um amálgama da fórmula
antropofágica de Oswald de Andrade: do AMOR /
HUMOR.
Depois de 1972, nem Rita nem os Mutantes seriam os mesmos.
Cada um seguiu seu caminho. Todos, porém, dentro
de alguma trilha que já estava demarcada nas
obras primeiras do grupo.
A partir dessa compreensão, podemos entender
que, na verdade, a primeira fase do grupo não
possui apenas cinco álbuns, mas oito –
os cinco do grupo mais o tardio “Technicolor”,
gravado em 1970 e lançado em 1999, os dois solos
de Rita.
Fechou a discografia? Para mim, não. Na verdade,
essa fase tem nove discos. Ainda incluo o primeiro álbum
solo de Arnaldo – “Lóki?”,
de 1974.
Como? É só reler este texto. Tudo que
foi falado para os dois álbuns solos de Rita
serve, com maior ou menor grau, para o “Lóki?”.
Isso, se não computarmos: o disco-manifesto “Tropicália
– ou panis et circensis”; o LP “A
banda tropicalista de Rogério Duprat”,
de 1968; e o compacto duplo de Caetano Veloso com as
faixas: “A voz do morto”; “Baby”;
“Saudosismo” e Marcianita”, gravado
ao vivo, todos de 1968.(Marcelo Dolabela - bhz jul/agosto
2005).
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